Instintivamente se preparava para a chegada dele. Em um sobressalto, sentia as ondas de calor inflar-lhe a pele, acelerar o coração numa disritmia. Era o sinal, um címbalo sonoro e retinente, esse seu coração. Podia ouvir os passos dele em galgares sincronizados. Bastava-lhe a presença, o olhar.
Devorava o olhar dele quantas vezes lhe fosse permitido, aquele olhar lânguido e por demais determinado que a fitava em amavios condensados, mas que eram o suficiente para fazê-la viver e suscitar os desejos que exalavam crisântemos efervescentes. Dava mergulhos em seu olhar, saltos triplos com rodopios, piruetas e caía naquela água espalhando gotículas turmalinizadas pelo ar.
Aquele olhar era seu lago para passeios matinais, tardes de outonos de fundo caramelados com folhas dispersas que cambaleavam com o vento.Podia comer aqueles olhos, abocanhar aquelas retinas. E perder-se naquele silêncio que consolava sua alma e resvalava toda sorte de oculares carícias.
Autoria: Valéria Sabrina
2 comentários:
Belo!
"Parece uma bela amiga que vive a esperar um belo rapaz..."
Grato pela visita! De agora em diante sou seu seguidor! Abraço!
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