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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Teu Paraíso




Deprimente. Taciturno. Inconsequente. Definitivamente, não era por esse caminho, que se esperava chegar ao paraíso... O sol antes brilhava docemente, sorria para Lúcia, não era possível que se avistasse sinal de confusão, mas, de maneira soturna, o infortúnio acontecera. Ela, perdida em seus enleios, não se dera conta de onde fora parar. Seus olhos com vivacidade enxergavam além do que podiam, ela via mais do que os meros mortais, mas dessa vez, não fora o suficiente para avistar o paraíso.

Onde estava? Onde se esconderam as águas cristalinas que apaziguavam seu coração? A leve brisa que ninava o seu sono, para onde fora? O cheiro suave de terra molhada e mato fresco, por que se esquivaram dela? Não entendia... Na completude do seu coração atarantado não achava vestígios do paraíso! Estava angustiada... O coração palpitava, dançando uma música de suspense com as tilintadas sombrias do medo. Contudo, esperava recordar o caminho que fizera para desfazê-lo. Cerrou as pálpebras e mergulhou no calabouço da memória. Ah, sim... Agora havia uma luz que a carregava para o momento ostensivo que emanava desilusão, ódio e finalizava com uma taquicardia. 

O ódio instaurara-se no âmago e a transportara para um lugar longe do paraíso. Lembrava então das lágrimas e do sentimento de impotência e abandono. Sabia então, que para achar o lugar de volta, precisava se desvencilhar dessas correntes que a aprisionavam e daquela nuvem cinza que impossibilitava seus olhos de enxergarem como antes. Rogou que se dilacerasse toda a sorte de amargura e que a luz voltasse a guiá-la, e que aquele suor frio que percorria-lhe as costas e congelava as pontas do dedos pudesse transformar-se em calor ávido que aquecesse o seu coração.
E assim se fez...

O que estava perdido foi achado.
O que se fazia frio tornou-se quente.
O que era ódio transfigurou-se em compaixão.
E as lágrimas que escorriam explodiram em sorrisos...
E as pontes até o paraíso puderam ser refeitas e o caminho foi avistado além do horizonte.

“Os sentimentos que deterioram a nossa alma nos afastam do paraíso no qual deveríamos viver. O que sentes te transporta para onde reflete o que cultivas no coração. O que tu cultivas hoje?”

AUTORIA: VALÉRIA SABRINA
imagem: gorjuss.deviantart.com

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cárcere



O ser humano ainda não se deu conta das torturas que aprisionam sua alma
E que destilam na alma alheia.
Não aprisione uma alma.
Tão a torne escrava dos seus nefastos desejos.
Deixe-a livre...
Corra, alumie, levite.
Não a toques se não tem a intenção de fazê-la feliz
Ou ao menos trazer-lhe paz e encantos.
Recoste-se na consciência e mergulhe em toda sua profundidade
Não deixe uma alma aos prantos.


AUTORIA: VALÉRIA SABRINA
Imagem: styush.deviantart.com

domingo, 17 de abril de 2011

Um pouco de Caio F. (Faço minhas as palavras dele...)


Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, nenhuma carga me fará baixar a cabeça. Quero ser diferente, eu sou, e se não for, me farei.

Seria cômico se não fosse trágico!



Ostra feliz não faz pérola (Por Rubem Alves)





"Ostras são moluscos, animais sem esqueletos, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, de pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos - seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem.

Pois havia num fundo do mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário.

Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão...". Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado na sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor.

O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de sua aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava o seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho - por causa da dor que o grão de areia lhe causava.

Um dia passou por ali um pescador com seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-a para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro de uma ostra. Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para a sua esposa.

Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzsche observou que os gregos, por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo.

A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa...”.



"Se és uma flor e necessita ser regada, não espere por água de mãos humanas, rogue aos céus que chova."


Valéria Sabrina
Como diria meu amado Quintana: 
"...E que fique muito mal explicado.
Não faço força para ser entendido.
Quem faz sentido é soldado..."

Lexicocardia




Há em mim uma falta momentânea de léxico.

Eu o sinto aqui na ponta do meu membro degustador, deglutinador e articulador dos sons da voz.

Mas ele está preso entre os emaranhados caminhos e ramificações dos neurônios e 
oprimido na minha goela.

Já tentei por vezes expeli-lo.

Tossi, espirrei, cuspi, escarrei.

Tentativas em vão.

Talvez compreenda esse desaparecimento 
súbito.

A palavra sucumbe, pois, está escondida nas profundezas do coração.



Autoria: Valéria Sabrina
Imagem:deviantART.

sábado, 16 de abril de 2011

Ô Fulô!



VEM CÁ, FULÔ! 

VEM ME TRAZER O TEU ARDOR, 

ME CONSOME COM TEU CALOR, 

ME LEVA ÀS VIAS DE FATO! 

Ô FULÔ DO MEU SERTÃO, 

QUE TRAZ RESQUÍCIOS DE ÁGUA PRA ESSA TERRA SECA, 

VEM E MATA MINHA SEDE, 

ENCHARCA MEU CORAÇÃO. 

Ô MINHA FULÔ DELICADA E PEQUENINA, 

VEM CÁ, PRO MEU CANTINHO! 

VEM, FICA BEM PERTINHO 

QUE NELE A GENTE SE ANINHA. 

A GENTE FICA BEM QUENTE E COLADO, 

PRA EU ASRPIRAR TEU PERFUME 

E DELE ME SENTIR INEBRIADO.

 AUTORIA: Valéria Sabrina


Menina vestida de borboleta,
não deixe que toquem em tuas asas!
Alça voo para bem longe daqui,
onde possas ser, estar e sentir.
Não permitas que te prendam,
te condenem ou te julguem.
Foge pelo teu caminho,
não deixes rastros cintilantes,
desvia das pontas dos espinhos.
Paire por brisas mansas
quando sentires o alívio da madrugada.
Escuta as batidas do teu coração
e reaparece na doce e transbordante luz da alvorada.

AUTORIA: Valéria Sabrina