Deprimente. Taciturno. Inconsequente. Definitivamente, não era por esse caminho, que se esperava chegar ao paraíso... O sol antes brilhava docemente, sorria para Lúcia, não era possível que se avistasse sinal de confusão, mas, de maneira soturna, o infortúnio acontecera. Ela, perdida em seus enleios, não se dera conta de onde fora parar. Seus olhos com vivacidade enxergavam além do que podiam, ela via mais do que os meros mortais, mas dessa vez, não fora o suficiente para avistar o paraíso.
Onde estava? Onde se esconderam as águas cristalinas que apaziguavam seu coração? A leve brisa que ninava o seu sono, para onde fora? O cheiro suave de terra molhada e mato fresco, por que se esquivaram dela? Não entendia... Na completude do seu coração atarantado não achava vestígios do paraíso! Estava angustiada... O coração palpitava, dançando uma música de suspense com as tilintadas sombrias do medo. Contudo, esperava recordar o caminho que fizera para desfazê-lo. Cerrou as pálpebras e mergulhou no calabouço da memória. Ah, sim... Agora havia uma luz que a carregava para o momento ostensivo que emanava desilusão, ódio e finalizava com uma taquicardia.
O ódio instaurara-se no âmago e a transportara para um lugar longe do paraíso. Lembrava então das lágrimas e do sentimento de impotência e abandono. Sabia então, que para achar o lugar de volta, precisava se desvencilhar dessas correntes que a aprisionavam e daquela nuvem cinza que impossibilitava seus olhos de enxergarem como antes. Rogou que se dilacerasse toda a sorte de amargura e que a luz voltasse a guiá-la, e que aquele suor frio que percorria-lhe as costas e congelava as pontas do dedos pudesse transformar-se em calor ávido que aquecesse o seu coração.
E assim se fez...
O que estava perdido foi achado.
O que se fazia frio tornou-se quente.
O que era ódio transfigurou-se em compaixão.
E as lágrimas que escorriam explodiram em sorrisos...
E as pontes até o paraíso puderam ser refeitas e o caminho foi avistado além do horizonte.
“Os sentimentos que deterioram a nossa alma nos afastam do paraíso no qual deveríamos viver. O que sentes te transporta para onde reflete o que cultivas no coração. O que tu cultivas hoje?”
AUTORIA: VALÉRIA SABRINA
imagem: gorjuss.deviantart.com
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