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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Terna oftalmofagia



   Instintivamente se preparava para a chegada dele. Em um sobressalto, sentia as ondas de calor inflar-lhe a pele, acelerar o coração numa disritmia. Era o sinal, um címbalo sonoro e retinente, esse seu coração. Podia ouvir os passos dele em galgares sincronizados. Bastava-lhe a presença, o olhar. 
   Devorava o olhar dele quantas vezes lhe fosse permitido, aquele olhar lânguido e por demais determinado que a fitava em amavios condensados, mas que eram o suficiente para fazê-la viver e suscitar os desejos que exalavam crisântemos efervescentes. Dava mergulhos em seu olhar, saltos triplos com rodopios, piruetas e caía naquela água espalhando gotículas turmalinizadas pelo ar. 
  Aquele olhar era seu lago para passeios matinais, tardes de outonos de fundo caramelados com folhas dispersas que cambaleavam com o vento.Podia comer aqueles olhos, abocanhar aquelas retinas. E perder-se naquele silêncio que consolava sua alma e resvalava toda sorte de oculares carícias. 

                          Autoria: Valéria Sabrina
                             Imagem:http://www.deviantart.com/print/10060367/?itemids=194

2 comentários:

Poesia na alma

Belo!
"Parece uma bela amiga que vive a esperar um belo rapaz..."

Francisco Gomes

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